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O Móbile: Admiração. 05/06/2009 - (15h 27)
Na próxima segunda-feira (dia 08), será lançado oficialmente o curta metragem da cineasta e jornalista, Lílian Werneck. Intitulado “O Móbile: Admiração”, a obra conta a história da artista plástica Bárbara Oliveira (Stefane Ribeiro), que pinta os traços de uma atriz, e da atriz Nina Maya (Nadja Dulci), que por sua vez, se inspira nas obras da pintora para criar suas personagens. Uma admiração mútua, que se transforma em paixão.
“O Móbile” já foi exibido em ocasiões especiais e festivais, como a pré-estréia nas comemorações do Dia Internacional da Mulher e, neste final de semana, no projeto Corredor Cultural que marcou os 159 anos de Juiz de Fora. O projeto teve o apoio da Lei de Incentivo à Cultura Murilo Mendes e será exibido em alta definição digital. O lançamento oficial será às 21h, no Espaço Alameda de Cinema. A entrada é franca.
Nossa equipe de redação bateu um papo bem legal com a diretora, roteirista e jornalista, Lílian Werneck, para saber mais informações sobre a produção.
Confira:
Zine Cultural: Como surgiu a idéia de fazer o filme?
Lilian Werneck: Eu sempre fui apaixonada por séries de TV. Em 2005, quando comecei a assistir a série norte-americana “The L Word”, além de me identificar muito com a história, com as personagens, com a vida que elas tinham, eu vi ali uma primeira amostra de abordagem da homossexualidade feminina como sempre acreditei: sincera, sem estereótipos, sem preconceito. Como homossexual, eu sempre procurei falar de assuntos que tinham a ver comigo em minhas produções, porque dessa forma, era mais verdadeiro, mais sincero. Tendo na série a minha maior inspiração, percebi que era hora de tentar falar sobre isso assim, abertamente, e comecei a imaginar uma história com várias histórias dentro. Assim nasceu “O Móbile”, que é um movimento constante, cheio de tramas diferentes e que a cada momento adquire uma nova forma. Assim é o amor, sempre acreditei. Pensando em fazer uma série, escrevi, então, cinco roteiros de curtas metragens. Cada um deles, como uma parte desse grande móbile que é o amor. E todos eles sobre o amor entre mulheres: “Admiração”, “Diálogo”, “Confiança”, “Apoio” e “Perdão”. Eu digo que essas são as fases do amor. Primeiro, admira-se, surge o desejo, que começa a ser satisfeito quando temos a primeira conversa. Depois, aprende-se a confiar na outra, e sempre estar lá para apoiar suas decisões. Mas nenhum amor sobrevive sem perdão. Isso é fato. Assim surgiram as histórias e cada uma das 10 personagens principais. Em “Admiração”, a primeira delas, eu coloquei o grande dilema que enfrentamos quando nos apaixonamos loucamente por uma pessoa e simplesmente paramos de produzir as coisas, nossa cabeça vira! Isso acontece mesmo! Várias pessoas vieram me falar “eu já passei por isso!!!”. E, pra piorar, no caso de Bárbara e Nina, uma era a inspiração da outra na produção artística. O desejo e a paixão entre elas são muito, muito intensos, assim como sua arte. E como fazer as duas coisas conviverem é o mais complicado.

Lilian Werneck: Sempre os maiores problemas são os financeiros. Só consegui fazer o curta porque fui selecionada pela Lei de Incentivo à Cultura Murilo Mendes, da Funalfa – PJF. E dou a eles o grande mérito (e agradecimento) de terem acreditado na minha história e no meu profissionalismo mesmo sendo sobre um tema considerado “tabu”. Juiz de Fora é uma das cidades mais abertas quando se trata do respeito à diversidade sexual. Temos grandes e primorosos exemplos como o Miss Gay, a Lei Rosa e o MGM – Movimento Gay de Minas. Mas sinto também que quando se trata da homossexualidade feminina, ainda há pouca visibilidade. Os membros do COMIC acreditaram no meu projeto, e ajudaram a dar um grande passo nesse sentido, com certeza. Então, nunca sofri preconceito nenhum, por ninguém que esteve envolvido na realização do filme, muito pelo contrário. Todas e todos que se envolveram acreditaram com a alma em tudo o que estava sendo feito. A equipe que trabalhou comigo foi a melhor, a eles devo tudo o que conseguimos até aqui. Cada um teve uma dedicação e uma paixão sem igual no trabalho inteiro, mesmo sem receber nada ou recebendo muito pouco. Foram amigos, uma família que fez desse filme uma realidade tão linda. Com eles tive a certeza que Juiz de Fora tem um potencial enorme de produção audiovisual e cinematográfica. Se tivéssemos mais dinheiro envolvido, com certeza faríamos mais ainda, e melhor. Mas mesmo a Lei oferece um teto muito baixo pra produção audiovisual. Eu tive que conseguir outros investimentos, e a maioria dos meus pais, para fazer o filme. Minha mãe e meu pai foram simplesmente maravilhosos em todos os momentos. Eles nunca se incomodaram de eu falar sobre o amor entre duas mulheres, sempre foram sinceros e acolhedores com todas as dificuldades técnicas e pessoais que tive e sempre, sempre acreditaram nos meus sonhos. A eles, devo minha vida, de verdade. E a realização desse curta. Mas, colocando tudo na balança, vejo que tive mais benefícios do que dificuldade, mesmo. Quero agradecer a todos e todas que participaram. As atrizes Nadja Dulci e Stefane Ribeiro merecem meu mais sincero e completo agradecimento. Elas foram simplesmente perfeitas! E o artista plástico Petrillo deu sua alma ao filme. E ao resto todo da equipe, profissionais de primeira linha a quem espero abrir algumas portas com esse filme. Chegar aqui, mais de um ano após o início desse processo todo, e ver esse resultado só me faz ter mais certeza que tudo deu certo!!

Lilian Werneck: Uma das maiores lutas do movimento lésbico é pela visibilidade. Isso porque os homens gays sempre se mostraram mais, de várias formas, e no contexto da sociedade paternalista que vivemos, a mulher sofreu muito para conseguir seu lugar. Claro que hoje em dia as coisas são muito diferentes, os vários movimentos sociais pelo respeito às mulheres fizeram grandes avanços e a mulher já tem um lugar mais claro na sociedade. Mas ainda temos muito a alcançar. Acredito que a mídia, seja informativa ou de entretenimento, tem um papel fundamental nesse processo. E muitas vezes peca ao falar do assunto, pois ainda vem cheia de preconceito. Quando eu comecei a pensar na história, isso me preocupou muito: como fazer para não reproduzir esses aspectos estereotipados da sociedade e da mídia? Como mostrar que a lésbica é mulher, acima de qualquer coisa, que vive e ama como qualquer outra, que é linda, como toda mulher? Porque o estereótipo de lésbica “machão”, vamos combinar, já era há muito tempo. E tem que morrer de vez! Cada uma tem o direito de ser exatamente como quer ser.
“The L Word” mostrou isso como nunca em suas 6 temporadas (a série terminou esse ano, com seu último episódio sendo exibido nos Estados Unidos exatamente no dia do pré-lançamento do filme, olha que coincidência bacana?). Todas as mulheres eram mulheres, ponto. Sendo butch, lesbian chic, dyke, entendidas, transsexuais, não importa o rótulo que insistem em colocar. Na verdade, a sopa de letrinhas LGBTT serve apenas para conquistas legais, eu acredito. São necessárias porque ainda sofremos muito preconceito e enquanto as leis a nosso favor não forem aprovadas, precisamos sim nos impor através delas. Mas de forma alguma nos caracterizam. Meu objetivo maior com esse e com os outros filmes é COMUNICAR, ou seja, tornar comum. Sempre acreditei que quanto mais se fala no assunto, de forma ética, melhor as pessoas encaram o assunto. O preconceito existe muitas vezes por medo. Medo do desconhecido. Quando nos deparamos com uma situação de frente, enfrentamos nossos medos. É isso que quero, mostrar, exibir, falar do assunto. Com o filme tem acontecido isso. As pessoas “esquecem” que são duas lésbicas e se prendem na história delas, nas dificuldades amorosas, acham uma pena a forma como termina, se comovem! Mesmo quem a princípio não aceita. O curta metragem é uma ótima ferramenta nesse sentido porque é exibido em festivais, com público aberto. Ou seja, todos têm oportunidade de ver e questionar. E se questionar: por que é tão difícil aceitar que homens amam homens e mulheres amam mulheres?
Zine Cultural: O título, como surgiu?
Lilian Werneck: Como disse anteriormente, pra mim, o amor é um móbile. O compositor e cantor Paulinho Moska tem uma música que diz exatamente assim:
“O amor é um móbile. Como fotografá-lo? Como percebê-lo? Como se deixar sê-lo? E como impedir que a imagem sedentária e cansada do amor não nos domine? Minha resposta? O amor é um desconhecido.”
Esse texto, que se chama “Do Amor”, me deu o pontapé inicial a respeito do nome. Além disso, tem outra música dele, que se chama “Um móbile no furacão”, que simplesmente é a minha música. Digamos que eu seja um móbile....(risos) Sobre os subtítulos, repito aqui o que disse lá em cima: “Admiração”, “Diálogo”, “Confiança”, “Apoio” e “Perdão” são as fases do amor. Primeiro, admira-se, surge o desejo, que começa a ser satisfeito quando temos a primeira conversa. Depois, aprende-se a confiar na outra, e sempre estar lá para apoiar suas decisões. Mas nenhum amor sobrevive sem perdão. Isso é fato.

Zine Cultural: Quais são os planos para depois do lançamento do filme?
Lilian Werneck: Vamos tentar exibi-lo muitas vezes, não quero lucrar com o filme, quero que as pessoas o vejam!! Tentar festivais, colocar na internet para download ou para ver direto, vender os DVDs através de pedidos, sei lá, fazer de tudo para que o maior número possível de pessoas assista. Tem um detalhe no meu DVD que vai fazer a diferença. Eu coloquei a tarja de Creative Commons, o que significa que as pessoas podem copiar, compartilhar e exibir o filme a vontade, desde que seja citado seu nome, sua direção e o nome das atrizes. E desde que não seja modificado. Essa prática que é muito comum na internet me faz acreditar na liberdade da arte. Ela precisa ser compartilhada. O lucro que venha de outras formas!! Sobre os outros curtas, pretendo conseguir os recursos para realizá-los através de outras leis de incentivo à cultura. Mas acredito que isso leve um tempo ainda, os roteiros precisam ser trabalhados, preciso encontrar parceiros de capital!
Zine Cultural: Fale um pouco sobre o lançamento, como vai ser e qual a sua expectativa?
Lilian Werneck: O lançamento é um presente para mim, será no dia do meu aniversário, e exatamente 3 meses depois do pré-lançamento que aconteceu na Casa de Cultura da UFJF. Como não ficar nervosa?? Não sei... Mas estou fazendo de tudo para que seja maravilhoso. O Espaço Alameda de Cinema, do grupo Espaço Unibanco Arteplex, e a empresa Rain, de projeções digitais e a StudioXpress me deram completo apoio para a realização do lançamento. Além disso, foi fundamental o apoio da i10 Design, que sob a linda arte de Leo Moura e Viviane Boucós, me deram essa maravilhosa concepção visual que os impressos e logos do filme têm.
A exibição será em HD, ou seja, em alta definição num cinema digital. Isso vai permitir mostrar a qualidade máxima do filme, o que pra mim é essencial. Acho que vai ser maravilhoso, em todos os sentidos. A sessão está marcada para começar às 21h30, mas gostaria que as pessoas chegassem às 21 horas para retirar o ingresso na bilheteria. A entrada é franca. E, logo após a sessão, teremos o “After Móbile”, um coquetel aberto aos expectadores do filme na loja Salve a Rainha, que fica em frente ao Alameda. Quero todo mundo lá!!!

Lilian Werneck: O filme será lançado em DVD, que poderá ser adquirido pelo valor de R$ 10,00 através de pedidos pelo email omobileadmiracao@gmail.com. Além disso, teremos uma versão disponível na internet para download e em sites de exibição de vídeo. Participaremos também de alguns festivais, basta ficar de olho nas programações. E, já antecipando, vamos participar do Rainbow Fest deste ano! No mais, oportunidades não faltarão, e sempre estaremos aqui no Zine Cultura, nosso grande parceiro, para divulgá-las!!
Publicada por Raphael Paradella - jornalismo@zinecultural.com - http://www.zinecultural.com/ - 05/06/09
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