... um processo ...

Oi!!!

Estou vendo agora no GNT o documentário "Infinito ao meu Redor", da Marisa Monte... e vendo quanto trabalho o artista tem pra poder mostrar sua arte... Ela ficou um ano rodando o brasil e o mundo e fazendo shows, e, pelo documentário, cada hora longe da família, da casa, dormindo em hoteis, lavando a roupa nas banheiras, ensaiando, preparando o palco, etc, etc, etc, valeu a pena. Vale a pena! A arte, quando bem feita, traz um retorno inexplicável. Não, não é a grana. É como um êxtase infindo naqueles momentos em que ela está viva em você. Não é o primeiro nem vai ser o último documentário a mostrar as conquistas, maravilhas e desastres do trabalho do artista.
Esse prólogo serve apenas como introdução do assunto de hoje: o trabalho que tivemos pra escrever o roteiro de "O Móbile".

Sempre um trabalho solitário escrever um roteiro, dizem... Sempre? Não no meu caso, por isso escrevi tivemos ai em cima. Preciso muito das opiniões de quem eu amo pra saber se estou no caminho certo. Gosto de partilhar e repensar meus trabalhos a partir da recepção dos outros. E assim foi feito com "O Móbile". A idéia surgiu quando comecei a ver "The L Word". Uma catarse, como disse anteriormente aqui. As histórias, os nomes, as personagesn. Era uma época de ócio e produtividade ao mesmo tempo, eu não estava trabalhando. Então, ia malhar à tarde e um dia na esteira, olhando pra água da piscina do clube, que ficava logo a frente, pensei em várias cenas. O encontro de Bárbara e Nina. O fim da história de Clara e Olívia, ela quase afogando na piscina, a conversa entre Ísis e Estela. Depois, cheguei em casa e coloquei tudo no papel, foi imediato. Eu escrevi muito rápido os cinco roteiros, muito rápido. Sempre durante as madrugadas, sou uma pessoa notívaga. Mas me lembro que pessoas importantes pra mim tiveram uma participação única nesta fase.

Rafaela Britto foi uma delas, a primeira pra quem eu contei todas as idéias, quem me ajudou a pensar os títulos... Engraçado é que essa jornalista e cantora que admiro muito nunca esteve frente a frente comigo! rsrsrs Nos conhecemos pela internet, quando, surtada pela série "The L Word", comecei a pesquisar sobre o assunto e entrei em várias comunidades do Orkut. Rafa, como eu, fã incondicional de seriados, fazia parte de uma delas e nos conhecemos por lá. Começamos a conversar pelo MSN e com ela compartilhei muito da minha escrita. Eu queria escrever uma série, não sabia exatamente como. Daí, fomos conversando longamente pela internet. Foi um processo fantástico!! Com ela dei a primeira forma aos roteiros.... Grande Rafa... Ainda nos conheceremos!! Daí, quando já estava no primeiro rascunho, falei da idéia pra minha grande companheira dessas pirações artísticas, Tais Marcato. Sempre emoção, sempre razão, ela me colocou na cabeça: coloque-se um prazo e um objetivo e vá fundo! Faça isso acontecer!! Daí, teve a Rosa... A Rosa era minha colega de turma no curso da Universo. Grande roteirista, foi minha primeira leitora da história completa. Foi ela quem fez comigo as correções ortográficas, colocou pra mim os pingos nos is, literalmente, e, comigo, entrou de vez nessa dança. Grande apoiadora de tudo, foi a primeira a realmente acreditar no projeto. Me lembro, aliás, ela me lembrou outro dia, quando entreguei o roteiro pra ela... rsrsrsrs

"Oi, então... sabe o que é??? Enfim... Eu.... Eu.... Eu queria que lesse uma coisa...que eu escrevi... mas assim!!! Primeira vez, tá? Ainda tá no rascunho, por favor!!"

Coisa feia essa insegurança, mas era assim mesmo que eu estava, sentada no parapeito da janela da sala, olhando que nem criança para o chão, para os lados, menos pra ela quando entreguei a primeira impressão... Rosa me deu confiança pra levar adiante, ela foi a primeira pessoa a realmente sentir o tudo que "O Móbile" era... obrigada, amiga!!

Um capítulo desse proceso que não conto muito é que havia um sexto roteiro, que já estava pronto, mas resolvi engavetar... era ousado demais, mesmo em comparação com os outros. Apesar de ser uma das histórias que mais gosto, a versão original de "Apoio" não era exatamente a que está pronta agora. Era outra. Um dia falo dela aqui...

Bom, só sei que daí, tivemos algumas leituras importantes... Giovane, pra quem tinha escrito um personagem na primeira história, grande crítico, amigo sincero. Tais, claro. Vinícius Cristóvão e Pablo Sanábio. Aliás, eu, Tais, Vinícius e Pablo passamos por um momento maravilhoso nesse processo. Fizemos uma leitura dramática, me lembro bem, no dia 04 de julho de 2006. E foi nessa leitura que tudo se definiu melhor. Não, essa fala não é boa, corta ela toda!! Mas isso aqui é bom demais!! Ichi, isso aqui não tem como, não e... Foi ótimo... Obrigada, meninos! Foram muito importantes pra mim aquelas palavras...

Logo depois, registrei o roteiro na Biblioteca Nacional e estava então documentado. No dia 12 de julho de 2006 "O Móbile" oficialmente havia nascido! :)

De lá pra cá, muita coisa aconteceu, muita gente já leu todas ou algumas das histórias, o roteiro passou por muitas modificações, interferências e por uma Lei Estadual de Incetivo à Cultura, que não captamos, e a Lei Murilo Mendes que culminou na gravação da primeira das histórias...
E acho que ainda tem muuuita coisa pra acontecer com esse roteiro, muito trabalho pra ser feito. Muitas letras pra serem mexidas antes que sejam gravadas as outras quatro histórias, Diáogo, Confiança, Apoio e Perdão... Talvez mudar um pouco as coisas, quem sabe? Muito aprendi de lá pra cá... Muito. Tenho ainda coisa pra carambra pra aprender, mas sei que esse processo todo foi (é) fundamental na minha vida... Puxa... e só tá no começo!! rsrsrs

Amanhã vou falar sobre o trabalho de preparação do elenco... vai ser bom...

Até!!
Beijos....

Lilian