
A produção do curta-metragem “O Móbile: Admiração” abre inscrições para atrizes que queiram participar de sua seleção de elenco. Mulheres acima de 20 anos, com ou sem experiência artística comprovada podem enviar fotos de corpo e rosto, contatos e um breve currículo para omobileadmiracao@gmail.com até dia 05 de março. Os testes serão realizados no dia 08 de março, à partir das 14 horas, na sede do MGM – Movimento Gay de Minas, na Rua São Sebastião, 345, Centro.
As personagens disponíveis são as protagonistas Nina Maya, atriz e Bárbara Oliveira, pintora, além da coadjuvante Catarina, produtora cultural. Bárbara Oliveira é uma artista plástica que tem como inspiração maior as interpretações de uma atriz. Ela se prepara para lançar uma grande exposição na cidade antes de vender suas obras para o exterior. Nina Maya, essa grande e jovem atriz, constrói suas personagens a partir das pinturas de Bárbara. Sua personagem mais marcante, ainda em fase de construção, é Petra Von Kant, que exige muita entrega e muita inspiração.
Elas se admiram em silêncio, nunca se encontraram, nunca conversaram. Quando finalmente se conhecem na exposição de Bárbara, se apaixonam loucamente. Passam a viver um relacionamento intenso, forte, inteiro. Um amor que só não é perfeito porque desequilibra a criação, a arte, a inspiração das artistas. Elas não produzem mais. Não há mais traços no pincel de bárbara, mais gestos no corpo de Nina. Na dor, nasce o dilema: o amor ou a arte?
O curta-metragem “O Móbile: Admiração” será produzido com os recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura Murilo Mendes, edição 2007, e traz o apoio do MGM - Movimento Gay de Minas e da produtora QuebraGalho Produções. Além disso, conta com uma excelente equipe de profissionais em audiovisual da cidade e região.
Lilian Werneck, roteirista, diretora e proponente do projeto, é jornalista formada pela UFJF com uma carreira voltada para produções audiovisuais. Trabalhou como diretora e editora da TV Visão, além de ter sido responsável pelo clipe “Tempo”, de Josy Oliveira e pela direção do DVD “(Di) Versões Lúdicas ao Vivo... e a Cores!” do grupo Lúdica Música!, em fase de finalização.
Tais Marcato é a assistente de direção do curta. Ela é produtora cultural pela QuebraGalho Produções e atriz, tendo histórico em produções de comerciais. Rosa Berg é a produtora executiva e foi responsável pela revisão do roteiro de “O Móbile”. Nicole Leão, jornalista e cineasta, assina a direção de produção do curta. Com sua competência e agilidade profissional, Nicole é responsável pela viabilização do filme. Mirón Soares, artista plástico e designer de moda e móveis de renome em Ubá traz sua sensibilidade para a direção de arte e figurino, definindo os estilos das personagens. Na direção de fotografia, ninguém menos do que Mauro Pianta. Repórter cinematográfico, professor e o melhor profissional em direção de fotografia e luz da cidade. Como grandes parceiros, surgem a produtora Vídeo 01 e o estúdio Harmona, responsáveis pelas captações de vídeo e áudio do curta. O cantor e compositor Marlos Vinícius cria a trilha sonora original do filme, que traz ainda uma música tema interpretada por Isabella Ladeira, Rosana Brito e Gutti Mendes do Lúdica Música!. Já a preparação das atrizes do filme ficará por conta do ator Marcelo Jardim e de Tais Marcato.
Esta história de amor entre mulheres é a primeira da série de curtas “O Móbile – Admiração, Diálogo, Confiança, Apoio e Perdão”, de autoria da diretora Lilian Werneck. O roteiro original completo, com cerca de 90 páginas, está registrado no Escritório de Direitos Autorais da Biblioteca Nacional (registro número: 381.857 / livro 709 / folha 17). O blog http://www.omobile.blogspot.com/ traz outras informações sobre a história completa de “O Móbile”.
DETALHES TÉCNICOS DE UM CURTA
As gravações do curta estão agendadas para o princípio de maio. A obra audiovisual “O Móbile: Admiração” será captada em vídeo digital High-Definiton (HDTV) a 24 quadros por segundo, com a cêmera HVX-200 Panasonic para posterior edição também em vídeo. Esse formato em vídeo, além de proporcionar uma excelente qualidade de imagem, segue a nova tendência do cinema digital. Com isso, o curta finalizado pode participar de exibições públicas e televisivas com padrão de qualidade garantida. Já a equipe, tanto a de gravação quanto o elenco, será de profissionais de Juiz de Fora. Da mesma forma, a linguagem, as locações e os figurinos vão remeter ao estilo de vida da cidade. Isso principalmente por serem as personagens artistas locais e que estão inseridas no cenário cultural juizforano. São previstas 06 locações diferentes: um apartamento, um teatro, uma galeria de arte, um atelier, uma boate e um café da cidade. A bela galeria de arte Hiato, em São Mateus, será o cenário de grande parte da história.
O lançamento está previsto para coincidir com a programação do 11º Rainbow Fest Juiz de Fora, em agosto de 2008. Das 500 cópias em DVD produzidas, a maioria será distribuída gratuitamente em entidades culturais, escolas e locadoras interessadas. Pretende-se também disponibilizar o curta em sites de exibição gratuita, com ampla divulgação. Com um orçamento modesto, porém real, o vídeo “O Móbile: Admiração” vai representar mais um projeto em audiovisual a ser produzido com recursos do Município, através de próprio mecanismo de incentivo à cultura local, que é a Lei Murilo Mendes. Iniciativa essa que ressalta a obra audiovisual de curta-metragem como importante manifestação artística de Juiz de Fora.
A IMPORTÂNCIA DE “O MÓBILE: ADMIRAÇÃO”
É importante salientar também a necessidade da ação cultural “O Móbile: Admiração”. O fato de ser homossexual ainda vem carregado de tabus e preconceitos, mesmo com as contínuas mudanças culturais da sociedade atual. No audiovisual, apesar de tema cada vez mais comum, ainda é restrito a produções isoladas ou, pior, caricatas. Na maioria das vezes, o grande público toma conhecimento do tema através de opiniões preconceituosas, tendo pouca oportunidade e poucos argumentos para ver o outro lado da situação e assim, criando a visão preconceituosa de que “ser homossexual” é “ser anormal”. A obra em questão tenta mostrar exatamente o contrário ao retratar uma história de amor entre duas mulheres femininas, bem sucedidas, inseridas em um contexto cultural e com outros dilemas bem mais complexos do que sua orientação sexual.
Nesse sentido, as personagens Nina e Bárbara foram criadas para haver identificação por parte dos espectadores. Elas são mulheres reais, que, sem querer influenciar ou determinar nada, trazem em cada gesto uma amostra do universo feminino, homossexual ou não. São mulheres que não se prendem a estereótipos e que não têm medo de suas opções e desejos. Compartilham seus sentimentos e opiniões livremente no mundo contemporâneo, amam, e sofrem por amor, e vivem da arte. Por isso, são personagens marcantes e verdadeiras. A pretensão é criar uma experiência compartilhada com o público de uma realidade em que a mulher homossexual escolhe e respeita seu caminnho sem precisar se colocar à margem da sociedade.
Segundo Luiz Mott, Doutor em Antropologia pela Universidade da Bahia e fundador do Grupo Gay da Bahia, estudos comprovam que existem três conclusões básicas a respeito da sexualidade humana. Primeiro, que ela não é instintiva, mas sim uma construção cultural. Segundo, que a cultura sexual varia de povo para povo e se modifica ao longo do tempo dentro de uma mesma sociedade. E terceiro que não existe uma moral sexual natural universal. Portanto, cada cultura determina, por razões subjetivas e nem sempre salutares, quais comportamentos sexuais serão aceitos ou condenados.
Levando em conta essas conclusões, Juiz de Fora se mostra o pano de fundo ideal para uma história de amor entre mulheres. Conforme dados da 6ª Pesquisa de Demanda Turística no Rainbow Fest, realizada pelo MGM - Movimento Gay de Minas em parceria com a Rumos, empresa júnior do Curso de Turismo da UFJF, o concurso “Miss Brasil Gay” e o evento “Rainbow Fest” atrairam em 2006 cerca de 10 mil turistas que injetaram mais de R$ 4 milhões na economia da cidade. Em agosto de 2007, segundo a Polícia Militar, a “5ª Parada do Orgulho GLBT”, reuniu cerca de 100 mil pessoas nas ruas do centro de Juiz de Fora. E não podemos esquecer a lei municipal n° 9.791, aprovada em 2000. Conhecida como "Lei Rosa", ela foi a primeira no Brasil a garantir a casais homossexuais o direito de manifestar afeto em público. A lei serviu de exemplo para vários outros projetos sobre os direitos dos homossexuais no legislativo. Ou seja, a cidade além de ser um exemplo do respeito à cidadania dos gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros, é um grande mercado consumidor e cultural voltado para esse segmento.
O projeto “O Móbile: Admiração” pretende, portanto, ser uma referência em audiovisual desta atitude positiva de Juiz de Fora. O roteiro traz um retrato da mulher lésbica que vive em uma cidade que a respeita. Nesse contexto, sua sexualidade deixa de ser representada como uma “carga negativa” para se tornar o impulso para que viva um grande amor. A busca pela inspiração artística no outro se torna o mote maior dessa história, não o fato de ser um amor homossexual. Isso normaliza o assunto, torna comum e faz com que o telespectador que tenha uma idéia pré concebida se envolva e conheça de fato a realidade das mulheres homossexuais.
Informações: http://www.omobile.blogspot.com/
Email: omobileadmiracao@gmail.com
Lilian Werneck - diretora
Tel: 32.8412-8343